Retração Gengival

Retração Gengival – Introdução:

A retração gengival se caracteriza por um recuo da gengiva em relação ao dente, resultando em exposição de parte de sua raiz.

Normalmente, as pessoas se referem popularmente à este processo como o “afastamento da gengiva do dente”.

A retração da gengiva deve ter suas causas identificadas e controladas pelo dentista tão logo quanto possível.

Caso contrário, o processo poderá evoluir e o dente afetado passará a apresentar sérios problemas, os quais serão descritos neste artigo, não se podendo excluir a possibilidade de perda dental em casos extremos.

Importante salientar que uma das sequelas que mais incomodam os pacientes reside no fato de que dentes com gengivas retraídas acabam por apresentar um comprimento alongado (aspecto de dente comprido), comprometendo a estética de seus sorrisos.

 

Retração Gengival – Características Anatômicas da Gengiva:

A raiz dentária não apresenta a cobertura do esmalte (tecido muito calcificado e resistente que recobre a coroa do dente).

Ao contrário, a raiz do dente, a qual abriga em seu interior o canal e o nervo dentários, é revestida externamente por um tecido frágil e muito pouco mineralizado, denominado cemento, o qual recobre a dentina radicular.

Uma vez exposto, o cemento pode destacar-se com certa facilidade por razões diversas.

Dentre estas razões pode-se citar a escovação traumática dos dentes, o hábito de ranger ou apertar os dentes (bruxismo) ou até mesmo a raspagem dentária para remover o tártaro da raiz durante tratamentos gengivais.

A perda do cemento torna a dentina radicular exposta, a qual, devido à sua anatomia, é incapaz de barrar estímulos térmicos ou mecânicos transmitidos ao nervo, resultando em dor e sensibilidades de intensidades variáveis.

 

Retração Gengival – Sensibilidade Dentinária:

A raiz exposta, como foi explicado no item anterior pode causar também outros problemas, tais como, sensibilidades dentárias de intensidades variáveis.

Estas sensibilidades são denominadas sensibilidades dentinárias, podendo ser extremamente dolorosas.

Manifestam-se, por exemplo, quando a porção descoberta da raiz é exposta ao contato, principalmente, com estímulos mecânicos (toque das cerdas da escova dental) e térmicos (especialmente ao contato de líquidos e alimentos frios e gelados).

 

Hipersensibilidade Dentinária – Terapias:

Vale a pena reiterar que a primeira providência terapêutica é identificar e controlar de imediato as causas da retração da gengiva,

Para os casos de sensibilidades menos intensas, pode-se proceder, sobre as áreas radiculares expostas, repetidas aplicações de flúor e de vernizes fluoretados.

Cremes dentais com agentes dessensibilizantes também devem ser recomendados para uso rotineiro e prolongado.

Muitas vezes, essas medidas são suficientes para contornar o desconforto do paciente.

Em casos mais avançados, pode haver desgaste ou cárie de raiz, com perda significativa dos frágeis tecidos calcificados das raízes.

Como resultando destes desgastes ou cáries, ocorre a formação de cavidades nas regiões desnudas da raiz, as quais podem apresentar profundidades variáveis.

Nestes casos, restaurações com resinas compostas devem ser confeccionadas para cobrir as cavidades, refazer a anatomia dental e conter as progressões das perdas dos tecidos mineralizados radiculares.

Ao se recobrir a área radicular exposta ao meio bucal por meio de uma restauração, tenta-se impedir que os estímulos que desencadeiam as sensibilidades tenham contato com a dentina e, consequentemente, sejam transmitidos ao nervo dentário.

Contudo, há que se explicar que o próprio processo de restauração é um tanto agressivo, pois o uso dos motores gera calor e vibração.

Por outro lado, as substâncias químicas necessárias à adesão da resina à cavidade formada na raiz podem penetrar profundamente na dentina e gerar sensibilidade pós-operatórias, complicando o caso.

Enxertos gengivais podem ser considerados para recobrir a exposição radicular, mas sua indicação deve ser bastante ponderada.

A conclusão à qual se chega é a de que o dentista deve sempre utilizar o bom senso e avaliar detalhadamente o histórico da sensibilidade, antes de indicar a terapia a ser executada.

Existem casos extremos, quando todos os recursos para controlar a sensibilidade dental são esgotados e resultam em fracasso, pois o dente continua insuportavelmente sensível.

Nestes casos, a sensibilidade intensa interfere de forma relevante na qualidade de vida do paciente, impedindo-o de se alimentar normalmente e de praticar sua higienização bucal com qualidade.

Nestas situações, o tratamento de canal e a consequente remoção do nervo dental pode ser a única alternativa para sanar o problema.

 

Retração Gengival e Perdas Dentárias:

A sensibilidade dentinária, quando intensa, pode impedir a adequada higienização bucal caseira.

Dentes e gengivas mal higienizados serão focos de acúmulos de bactérias bucais (placas bacterianas), as quais produzem ácidos e venenos responsáveis pelas cáries e inflamações gengivais.

Cáries e inflamações gengivais, se não tratadas em tempo, podem levar às perdas dentais.

 

Principais Causas da Retração Gengival:

1)  Escovação traumática: pressões exageradas aplicadas pela escova dental sobre as gengivas;

2) Periodontite: destruição por bactérias do osso de suporte da raiz e consequente retração da gengiva;

3) Forças aplicadas por tratamentos ortodônticos;

4) Freios labiais que inserem-se muito próximos à margem gengival;

5) Bruxismo: ranger de dentes;

6) Fatores predisponentes anatômicos: pouca espessura da gengiva e do osso de suporte da raiz dentária subjacente;

7) Envelhecimento fisiológico.

 

Retração Gengival – Considerações Finais:

A prática tanto da Clínica Geral diária quanto da Periodontia (especialidade que trata as doenças gengivais e periodontais), têm demonstrado que a escovação traumática pode ser uma das principais causa da retração da gengiva.

A escovação traumática é decorrente do emprego de pressões exageradas da escova sobre os tecidos gengivais, ou do uso de escova com cerdas médias ou duras.

Alguns pacientes, na intenção de promover uma perfeita higiene bucal, acabam por exagerar nas forças que aplicam durante a escovação dental sobre seus dentes e gengivas.

Outros controlam mal essas pressões por não possuírem uma boa coordenação motora.

Cabe ao profissional indicar  e treinar seus pacientes quanto às melhores técnicas e às melhores escovas e fios ou fitas dentais para cada caso em particular.

As melhores escovas, de um modo geral apresentam as seguintes características:

• Cabo: emborrachado, permite melhor controle da empunhadura da escova, evitando traumatismos aos tecidos bucais;
• Cabeça: pequena, com formato oval ou redondo, facilitando o acesso aos dentes mais posteriores da boca;
• Cerdas: macias, planas e niveladas.

As fitas dentais, especialmente as enceradas, devem ser indicadas sempre que possível, pois, quando comparadas aos fios dentais, agilizam o processo de higienização, além de facilitarem o processo de passagem através dos sulcos internos gengivais e dos espaços interdentais, com menor risco de traumatismo.

 

 

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