As lesões bucais são quaisquer tipos de alterações na cavidade oral, em forma de inchaços, feridas, manchas, tumores, entre outras manifestações inflamatórias.
Devem ser diagnosticadas e tratadas tão logo quanto possível a fim de evitar complicações severas.
Retratamos aqui algumas das lesões bucais mais comuns:
1. Lesões Bucais – Aftas:
Aftas bucais são lesões bastante dolorosas e caracterizadas por intenso ardor.
São lesões de causa desconhecida. Algumas hipóteses apontam para possíveis causas das aftas, como, por exemplo, ingestão de alimentos cítricos, estresse, alergias ou até a traumas mecânicos.
O alívio dos sintomas pode ser obtido através da aplicação de pomadas analgésicas e anti-inflamatórias.
Antissépticos bucais (enxaguatórios bucais) são úteis para a prevenção de infecções secundárias oportunistas.
Quase sempre desaparecem depois de 7 a 10 dias e as erupções recorrentes são as mais comuns. Após 10 dias não desaparecendo o sintoma, é recomendado procurar um dentista.
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2. Lesões Bucais – Herpes Labial:
Herpes labial é uma infecção viral e altamente contagiosa causada pelo vírus herpes simplex tipo 1 (HSV1).
A transmissão do vírus da herpes simples ocorre pelo contato direto com a pessoa infectada ou com a saliva dela. Tocar, beijar, fazer sexo sem proteção, compartilhar copos e talheres são formas de contrair o agente infeccioso.
O vírus entra em contato com a pessoa atravessa a camada da pele, invade o corpo e se instala em alguma terminação nervosa, permanecendo inativo ou “adormecido” até que algo favoreça sua manifestação.
Em 2011, um estudo publicado no periódico Revista da Sociedade de Doenças Infecciosas da América indicou um possível motivo para que a doença se manifeste em algumas pessoas contagiadas, mas não em outras. De acordo com a publicação, o surgimento das lesões pode estar associado à genética.
Portanto, um grande número de pessoas entram em contato com o vírus, mas serão apenas seus portadores, pois jamais apresentarão, ao longo da vida, quaisquer sinais ou sintomas da doença. Trata-se de uma condição de uma espécie de “adormecimento definitivo” do vírus no organismo.
Por outro lado, os indivíduos suscetíveis aos efeitos nocivos do vírus, mesmo após muito tempo após suas exposições ao vírus, poderão, a partir de uma queda em suas imunidades provocadas por fatores tais como, estresse, exposição intensa à luz solar, ingestão de medicamentos (antibióticos), menstruação, febre ou outras infecções, acabarão por proporcionas condições para o vírus “despertar” e desencadear a doença.
A doença caracteriza-se pelo aparecimento de bolhas pequenas e doloridas, em diferentes quantidades, mas que geralmente costumam agrupar-se, principalmente nos lábios superiores e inferiores.
Contudo, podem também afetar várias regiões da mucosa bucal, tais como gengivas, língua, pálato e a porção interna das bochechas.
As feridas causadas pelas bolhas, as quais apresentam um líquido resultante da inflamação em seu interior, costumam doer, arder, queimar e coçar, sobretudo quando a pessoa fala ou come.
Na maioria dos casos, nos primeiros dias após o aparecimento das bolhas, a dor e a coceira são mais intensas. Podem ocorrer inchaços, leves sangramentos e a sensibilidade extrema dificulta a fala e a alimentação.
Pacientes infectados podem ainda manifestar quadros de febre, mal-estar, redução do apetite, dores de garganta e aumento dos gânglios do pescoço, os quais tornam-se inchados e doloridos.
As bolhas geralmente estouram e liberam um conteúdo líquido inflamatório, transformando-se em úlceras e feridas expostas. Como resultado, formam-se crostas espessas, iniciando-se o processo de cicatrização e, em alguns dias, a ferida tende a regredir e melhorar por si só, dentro de um período aproximado de 08 dias.
Contudo, esse tempo estimado para a cicatrização depende muito da condição imune do paciente. Assim, enquanto a situação que desencadeou a doença estiver acometendo a pessoa, a doença tende a persistir.
A herpes não tem cura.
Nos pacientes que manifestam ou não os sintomas, após infectados pelo vírus, seus organismos não são capazes de se livrar dos mesmos, apesar de haver tratamentos atenuantes. Muitos sequer vão descobrir que têm a infecção. Para aqueles que desenvolve crises recorrentes de herpes, existem terapias para o tratamento de suas lesões e para minimizar sua ocorrência.
O tratamento para o herpes labial consiste em amenizar os sintomas e melhorar mais rapidamente suas doloridas feridas através do uso de medicamentos ingeridos via oral e pomadas. Estas medicações visam reduzir a agressão viral e atenuar os desconfortos e os sintomas dolorosos. Anestésicos tópicos podem proporcionar um alívio temporário.
Vale ressaltar que tratar uma crise não evita ou previne crises futuras, mas auxilia a diminuir a dor, a ardência e o tempo de duração das lesões.
Os remédios de uso oral, em geral, surtem melhores efeitos quando são tomados antes das lesões aparecerem, geralmente naquela fase inicial em que se prevê o aparecimento das feridas.
Pacientes que sofrem com quadros regulares de herpes, muitas vezes, conseguem saber quando as lesões vão ocorrer, pois alguns sintomas se manifestam antes das bolhas surgirem. Com a queda na imunidade, a região dos lábios que vai ser afetada pode coçar, arder ou ficar levemente dolorida, apontando para o possível ressurgimento da lesão.
3. Lesões Bucais – Leucoplasia:
Leucoplasia é uma lesão caracterizada pelo aparecimento de manchas ou placas brancas, com bordas irregulares, firmemente aderidas a uma mucosa, geralmente no interior da cavidade bucal. As regiões mais atingidas são a mucosa das bochechas, língua e gengiva.
As manchas e placas da leucoplasia geralmente apresentam as seguintes características:
Coloração branco-acizentada;
Textura irregular ou lisa;
Não podem ser removidas com escovação;
Raramente provocam dor queimação, coceira ou desconforto;
Não provocam dor, queimação ou coceira e, normalmente, desaparecem sem necessitar de tratamento.
Apesar da causa específica da leucoplasia ainda não ser totalmente conhecida, a irritação crônica e frequente das mucosas bucais parecem estar diretamente relacionada com sua causa.
Considera-se que está muito associada à agressão que o tabagismo e etilismo excessivos promovem constantemente contra os tecidos de revestimento internos da cavidade bucal.
Outros fatores capazes de provocar o aparecimento da leucoplasia são agentes irritantes traumáticos mecânicos que, também de forma frequente, agridem as mucosas da boca, tais como:
- Uso de tabaco de mastigar;
- Próteses mal adaptadas que ferem constantemente tecidos bucais;
- Dentes fraturados com potencial de roçar a mucosa das bochechas.
A leucoplasia é considerada uma lesão pré-maligna.
O surgimento de pequenos pontos vermelhos por cima das manchas ou placas brancas, podem indicar a existência de câncer, mas esta condição precisa de uma minuciosa avaliação médica para confirmação da suspeita.
Em grande parte dos casos, as manchas da leucoplasia não necessitam de tratamento, desaparecendo ao longo do tempo sem causar qualquer problema para a saúde.
Contudo, a persistência desta condição preocupante deve ser tratada de imediato por meio da remoção ou, ao menos, uma grande redução dos fatores que agridem os tecidos bucais.
Em casos de leucoplasias nitidamente provocadas pelo uso abusivo de cigarro ou álcool, a diminuição ou eliminação destes hábitos deve ser imediata.
Quando causadas por dentes quebrados ou próteses mal adaptadas, a terapia odontológica deve corrigir tais problemas tão brevemente quanto possível.
Já no caso de suspeita de câncer de boca, o médico pode recomendar a remoção das células afetadas pelas manchas, através de uma pequena cirurgia ou de tratamentos menos invasivos, como a crioterapia. Nestes casos, também é importante fazer consultas regulares para avaliar se as manchas voltam a surgir ou se aparecem outros sintomas de câncer.
4. Lesões Bucais – Candidíase:
Candidíase oral é uma infecção da cavidade bucal causada por um fungo denominado Candida albicans.
A boca abriga uma variada, abundante e complexa comunidade microbiana.
Muitos tipos de micróbios vivem no interior da cavidade bucal, dentre eles o fungo Candida Albicans e incontáveis espécies de bactérias. Em condições normais de saúde, esses vários tipos de microrganismos vivem em equilíbrio na cavidade bucal.
A candidíase bucal ocorre quando o equilíbrio entre esses organismos é afetado.
Esta situação está associada ao enfraquecimento do sistema imunológico por condições como gripes, doenças crônicas, má higiene bucal, uso de próteses mal adaptadas e má nutrição. Portanto,é importante tratar e corrigir essas condições que debilitam as defesas do organismo.
Caso contrário, a queda da imunidade do organismo, afeta o metabolismo bucal, podendo resultar na multiplicação excessiva do fungo causador da Candidíase, desencadeando a doença.
Candidíase oral também pode ser transmitida de uma pessoa para outra, através de beijos ou contato íntimo desprotegido.
Os sintomas desta doença incluem o aparecimento de caroços, aftas e placas esbranquiçadas em várias regiões da mucosa bucal, inicialmente, de um modo geral, na língua e nas bochechas. A sensação de ardência na boca é frequente.
Contudo a candidíase oral acaba por espalhar-se para o palato, gengivas, amígdalas e garganta.
Infecções mais graves podem estender-se para o esôfago, causando dor e dificuldade durante o ato de engolir.
No adulto, o tratamento para candidíase oral deve ser orientado por um clínico geral ou um dentista, podendo ser feito em casa com a aplicação de antifúngicos na forma de gel, líquido ou enxaguante bucal, como a Nistatina, durante período de 5 a 7 dias.
Além de medicamentos, o tratamento também envolve o controle das condições que causaram o aparecimento da infecção fúngica.
Durante o tratamento, também é importante ter cuidados, tais como:
- Escovar os dentes 3 vezes por dia, com escovas de cerdas macias;
- Evitar comer alimentos gordurosos ou com açúcar, como bolos, doces, bolachas ou balas;
- Manter uma rigorosa higiene bucal.
Um ótimo tratamento caseiro para a candidíase oral é o chá de poejo, porque possui propriedades que diminuem a proliferação dos fungos.
Os casos mais graves devem ser tratados por meio da prescrição de medicamentos antifúngicos orais, normalmente por período de duas semanas ou a critério profissional.
No bebê e na criança a candidíase oral é também conhecida como sapinho.
O bebê recém-nascido pode contrair sapinho logo no momento do parto por contato com o canal vaginal da mãe ou por contato com objetos mal lavados como mamadeiras ou chupetas.
O uso de antibióticos pode ser outra causa do desenvolvimento da candidíase, pois altera a flora bucal favorecendo o crescimento do fungo que habita normalmente esta região.
O tratamento pode ser feito por meio da aplicação de um antifúngico local em forma de liquido, creme ou gel, como a nistatina ou o miconazol.
O tratamento sempre deve ser conduzido por um médico pediatra ou odontopediatra.
5. Lesões Bucais – Xerostomia:
Os adultos estão especialmente sujeitos a apresentar cárie e outros problemas bucais quando sofrem de xerostomia (boca seca), uma doença que é caracterizada pela falta de saliva.
A xerostomia pode ser decorrente de uma doença, de medicamentos, da radioterapia e da quimioterapia, e pode ser temporária (dias ou meses) ou permanente, dependendo de suas causas.
6. Lesões Bucais – Câncer Bucal:
É um tipo de câncer que geralmente ocorre nos lábios (mais freqüentemente no lábio inferior), dentro da boca, na parte posterior da garganta, nas amígdalas ou nas glândulas salivares.
É mais freqüente em homens do que em mulheres e atinge principalmente pessoas com mais de 40 anos de idade.
O fumo, combinado com o excesso de bebida alcoólica, é um dos principais fatores de risco.
Se não for detectado de maneira precoce, o câncer bucal pode exigir tratamentos que vão da cirurgia (para a sua remoção) à radioterapia ou quimioterapia.
Este câncer pode ser fatal, com uma taxa de sobrevivência de cinco anos de 50%*. Uma das razões pelas quais este prognóstico é tão negativo é o fato de que os primeiros sintomas não serem reconhecidos logo. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.
Depois do diagnóstico, uma equipe de especialistas (que inclui um cirurgião dentista) desenvolve um plano de tratamento especial para cada paciente.
Quase sempre a cirurgia é indispensável, seguida de um tratamento de radio ou quimioterapia.
É essencial entrar em contato com um profissional que esteja familiarizado com as mudanças produzidas na boca por essas terapias.